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Tratamento ortodôntico e ortopédico dentofacial

(definição e esclarecimento)

O tratamento ortodôntico consiste na correção das más oclusões por meio do uso de aparelhos ortodônticos fixos e/ou removíveis, incluindo os alinhadores transparentes, alinhando, nivelando e intercuspidando (encaixando) os dentes superiores aos inferiores e vice-versa na tentativa de se obter as Seis Chaves da Oclusão Normal proposta pelo Dr. Lawrence F. Andrews.

Didaticamente é dividido em Preventivo, onde se atua impedindo a instalação da má oclusão após a detecção de um potencial fator etiológico; Interceptivo, aquele que impede-se a progressão da má oclusão instalada durante o período de dentadura mista (fase de troca dos dentes decíduos pelos permanentes) e Corretivo, tratamento realizado na dentadura permanente. Para sua realização o paciente deve apresentar boas condições dentárias e gengivais, além de boa saúde geral.

O tratamento ortopédico facial é aquele em que se corrige as deformidades dos ossos da face, principalmente a maxila e mandíbula, estimulando ou inibindo o seu crescimento por meio do uso de aparelhos fixos ou removíveis, denominados de aparelhos ortopédicos mecânicos ou funcionais, respectivamente. Denomina-se cirurgia ortognática, se for por meio de correção cirúrgica.

É sempre importante salientar que as deformidades esqueléticas têm como fator etiológico características genéticas, hereditárias e ambientais. Portanto, a sua correção por meio da ortopedia mecânica ou funcional dependerá da fase de crescimento e do padrão facial do indivíduo. O crescimento não poderá ser estimulado ou mesmo restringido além daquilo que está determinado geneticamente e, neste caso, a cirurgia ortognática deverá ser considerada. Em se tratando de aparelhos removíveis, o sucesso do tratamento dependerá do uso correto destes aparelhos.

A cirurgia ortognática deverá ser indicada para indivíduos que finalizaram o crescimento, apresentam-se saudáveis e possuam discrepâncias esqueléticas severas ou moderadas, geralmente envolvendo o osso maxilar e/ou mandibular, podendo incluir outros ossos da face. Nesses casos o cirurgião craniomaxilofacial deverá integrar a equipe reabilitadora. Este tipo de tratamento será indicado quando os métodos convencionais de tratamento ortodôntico e/ou ortopédico não forem capazes de corrigir as deformidades esqueléticas, que apresentam as más oclusões como fator secundário. Para a sua execução, o paciente deverá ser avaliado por um ortodontista e um cirurgião bucomaxilofacial, nos quais os riscos e benefícios serão discutidos e analisados juntamente com o paciente e/ou responsável. Antes da sua realização é necessário um tratamento ortodôntico pré-cirúrgico para o correto posicionamento dos dentes em suas bases ósseas maxilar e mandibular.

A elaboração do plano de tratamento, a sua execução e o seu prognóstico dependem da análise clínica do paciente e de uma documentação realizada em um centro radiológico especializado, geralmente composta de radiografias convencionais (telerradiografia, panorâmica, periapicais e oclusais), fotografias, modelos das arcadas dentárias em gesso ou impressos em resina por meio de escaneamento intrabucal. Exames de tomografia ou de ressonância poderão ser solicitados quando necessários. Consequentemente, o plano de tratamento é realizado de acordo com o tipo de formação e experiência do profissional e, em alguns casos, poderá envolver a exodontia de um ou mais dentes. É importante salientar que há várias técnicas e, portanto, outras formas de tratamento com o mesmo objetivo de tratar a má oclusão e as desarmonias esqueléticas. Assim, a opção proposta não é única e, provavelmente, haverá outra forma de tratamento.

Avaliação e reavaliação do tratamento

Durante o tratamento os pacientes serão reavaliados por meio de radiografias, fotografias, modelos e escaneamento das arcadas dentárias e outros exames, se necessários, para análise da eficácia do plano de tratamento proposto, das raízes dentárias e do osso alveolar. Os tratamentos ortopédicos merecem uma atenção especial, porque em caso de insucesso o plano de tratamento deverá ser alterado e redirecionado para o tratamento ortodôntico compensatório ou cirúrgico. O tratamento ortodôntico compensatório consiste em corrigir a má oclusão, que apresenta desarmonia esquelética suave ou moderada entre a maxila e mandíbula, por meio de compensações dentárias.

Benefícios do tratamento

Os benefícios do tratamento ortodôntico e ortopédico consistem no estabelecimento de uma oclusão normal e funcional, favorecendo uma articulação temporomandibular saudável e boa condição periodontal, além de uma face agradável. A sua obtenção está diretamente relacionada à alguns fatores:

a) profissional: além da formação e capacidade de execução, elaboração de um correto diagnóstico e plano de tratamento;

b) paciente: tipo da má oclusão com ou sem envolvimento esquelético, resposta individual que é dependente da sua condição biológica, assiduidade às consultas, condições dentárias e periodontais e a manutenção de uma higiene oral adequada, participação e envolvimento no tratamento.

Riscos do tratamento

Os riscos ou o que chamamos de custo biológico, embora não ocorram com frequência, devem ser esclarecidos antes do início do tratamento. Assim, a decisão da sua realização será exclusivamente do paciente ou do responsável.

Reabsorção radicular: considerada como perda radicular, é comum a sua ocorrência durante o tratamento ortodôntico. Geralmente ocorre no terço apical (ponta) da raiz e pode ser observada por meio de radiografias específicas. Esse tipo de “efeito colateral” geralmente ocorre de modo suave, embora em alguns indivíduos possa manifestar-se de modo severo ou moderado, cabendo ao ortodontista identificá-la durante o tratamento e decidir pela sua continuidade ou interrupção. Entre os fatores etiológicos relacionados à sua ocorrência podemos citar os locais como a morfologia radicular, forma do ápice radicular, formato da crista ósseas alveolar e proporção coroa-raiz, tornando-as predisponentes à reabsorção durante a movimentação dentária induzida ortodonticamente. Outro fator importante refere-se ao histórico de traumas dentários do tipo concussão ou subluxação, nem sempre lembrados pelo paciente e que são de difícil diagnóstico. Também podem estar relacionadas à quantidade e à qualidade da força empregada durante a movimentação ortodôntica imposta pela mecânica.

Outro fator, apesar de controverso e que não pode ser negligenciado, é a suscetibilidade do indivíduo a esse tipo de problema. Condições sistêmicas relacionadas ao diabetes melito, funcionamento da tireoide, paratireoide, hipófise, ovários e demais glândulas endócrinas também são temas de debates em relação a etiologia da reabsorção radicular durante o tratamento ortodôntico. Desse modo, é importante que o(a) paciente relate ao seu ortodontista se é portador(a) de algum distúrbio sistêmico ou se está fazendo uso de pílulas anticoncepcionais.

Reabsorção da crista óssea alveolar: situadas entre as raízes e próxima à junção coronorradicular, também estão susceptíveis à reabsorção durante a movimentação dentária induzida ortodonticamente, podendo comprometer a implantação dentária a longo prazo. Também ocorre com frequência e de forma suave,  podendo ser controlada por meio de uma mecânica ortodôntica consciente.

Importante: mantenha seu ortodontista informado sobre seu estado geral de saúde e se está fazendo uso de medicamentos ou quaisquer outras substâncias (lícitas), inclusive drogas (ilícitas).

Distúrbio da Articulação Temporomandibular (DTM): diagnosticados pela presença de estalidos, ruídos, creptação, dores de cabeça e limitações de abertura bucal, este distúrbio pode ocorrer em pacientes submetidos ou não ao tratamento ortodôntico, bem como em pacientes com oclusão normal. Portanto, podemos considerar que este fator  não seja causado pelo tratamento ortodôntico conduzido com responsabilidade, mas pode surgir durante a movimentação ortodôntica devendo o mesmo ser comunicado ao ortodontista.

Descalcificação e cárie dental: inicia-se como uma mancha branca no esmalte dentário e se não for tratada evolui para uma cavitação – a cárie dental. Portanto, a descalcificação consiste no estágio inicial da cárie dental, localiza-se geralmente ao redor dos bráquetes e ocorre devido à má higiene bucal e pela ingestão de uma dieta rica em açúcar.

Gengivite: consiste na inflamação gengival, que nos estágios iniciais caracteriza-se pela alteração da cor rosa para vermelha e resulta em uma forma hiperplásica (aumentada). Está diretamente relacionada com a perda da crista óssea alveolar, sendo considerada como início da periodontite.

Recidivas do tratamento: caracterizada por uma tendência do dente voltar à sua posição de origem. Geralmente é moderada e pode ser controlada pelo uso de aparelhos de contenção, utilizados após ou mesmo durante o tratamento ortodôntico.

O apinhamento terciário, muitas vezes confundido como recidiva de tratamento, pode ocorrer na região dos incisivos e caninos inferiores como consequência das alterações induzidas pelo crescimento terminal na região da sínfese mentoniana, resultado da maturação e envelhecimento da face, alterações funcionais não tratadas, hábitos parafuncionais ou deletérios como roer unhas ou chupar o dedo, irrupção dos terceiros molares e como a resultante vetorial das forças mastigatórias que acabam deslocando os dentes posteriores para a região anterior, durante toda a vida. Provavelmente o somatório desses fatores e a predisposição genética do paciente atuando concomitantemente, possam desencadear a sua ocorrência. Desse modo, a utilização de uma contenção do tipo 3×3, adaptada na superfície lingual dos dentes anteroinferiores ao término do tratamento, prevenirá este tipo de má oclusão. Esta contenção poderá permanecer alguns anos, até a terceira década de vida ou durante toda a vida, de acordo com a orientação do profissional, e deverá ficar sob controle periódico para prevenir a gengivite ou periodontite nessa região.

Portanto, a obediência aos princípios discorridos, colaboração do paciente e boa formação profissional são fundamentais para o sucesso do tratamento.

Previsão do tempo de tratamento

A previsão do tempo de tratamento não é exata, mas uma estimativa pode ser dada. A mesma está diretamente relacionada ao crescimento facial, principalmente nos casos que necessitam de tratamento ortopédico prévio ou concomitante ao ortodôntico; a assiduidade às consultas; a colaboração com o uso dos aparelhos, principalmente os removíveis, evitando perdas ou quebras dos mesmos; uma boa resposta biológica durante a movimentação ortodôntica e uma ótima higiene bucal.

Alguns aparelhos podem causar irritação temporária da mucosa bucal logo após a sua instalação, seja pelo contato físico ou pelo fato de alguns pacientes apresentarem alergia a um dos componentes metálicos existentes na liga que compõe os aparelhos ou os fios ortodônticos. Esta irritação ou alergia deve ser comunicada ao ortodontista para que as devidas providências possam ser tomadas.

Alguns aparelhos exigem maior cuidado durante a sua instalação e remoção, realizada pelo paciente. Este é o caso do Arco Extra Bucal (AEB), também conhecido como “freio”. A sua colocação e remoção podem causar danos à mucosa bucal, à face e mesmo aos olhos. Portanto, são necessárias seguir todas as orientações de instalação e remoção a fim de se evitar injúrias aos tecidos, à face e aos olhos. Nunca realizar atividades físicas ou esportivas com o referido aparelho.

Outro aparelho que exige cuidado especial é o expansor ortopédico do tipo HAAS ou HYRAX, principalmente quando utilizado em pacientes que já terminaram o crescimento. A compressão do acrílico contra a mucosa do palato pode ocasionar em uma necrose asséptica durante a sua ativação. Desse modo, na ocorrência de ardência no palato que não cessa durante o período de ativação e na ausência de abertura de espaço (diastema) entre os incisivos centrais superiores, a partir do terceiro dia de ativação, o paciente ou responsável deve comunicar imediatamente ao ortodontista.

O não cumprimento de tais orientações implicará em danos, injúrias, às vezes irreversíveis, atraso no período estimado de tratamento, tratamentos inadequados ou mal acabados e suscetíveis a recidivas. Assim, toda a responsabilidade caberá ao paciente ou ao responsável, isentando o profissional da responsabilidade legal ou jurídica.

Em relação ao atendimento, os pacientes serão atendidos com hora pré-determinada, passível de atraso. Eventualmente, atendimentos extras em casos de dúvidas ou problemas com os aparelhos deverão ser agendados com a maior brevidade possível e não será cobrada consulta. Entretanto, em casos de perda ou quebra de aparelhos será cobrada uma consulta extra, acrescida do valor do aparelho de reposição.

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